quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Comitiva vai ao Irã e reverte ameaça à carne brasileira



O Brasil enviou uma missão ao Irã, um dos principais compradores de carne brasileira, para tranquilizar autoridades e empresários locais acerca da recente descoberta do agente causador do mal da vaca louca em um animal morto em 2010 no Paraná.

Fontes dos dois países afirmaram que a visita, encerrada anteontem, dissipou as maiores preocupações de Teerã, que ameaçava barrar a carne brasileira.

Durante três dias, a comitiva expôs as regras sanitárias brasileiras às altas autoridades do Ministério da Jihad Agrícola do Irã. A delegação também insistiu em lembrar a decisão da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) de manter a classificação do Brasil como de risco insignificante para a doença.

"A intenção era reforçar pessoalmente as garantias internacionais de ratificação", disse à Folha Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne, integrante da comitiva.

A delegação teve também dois representantes do Ministério da Agricultura: o diretor de Saúde Animal, Guilherme Marques, e de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias, Lino Colsera.

Um importador iraniano que não quis ter o nome revelado disse que a visita foi crucial para dar seguimento às compras. "Há muita demanda. Eu importo carne brasileira e revendo tanto para supermercados e restaurantes quanto para órgãos de governo, Exército e universidades."

Apesar do compromisso em dar seguimento às importações do Brasil, o Irã manteve o veto à carne do Paraná. Especula-se que as compras paranaenses serão retomadas depois da próxima reunião da OIE, em fevereiro, na qual deve ser reiterada a atual classificação brasileira.

Entretanto, os dois lados admitem que o acirramento das sanções financeiras impostas pelas potências ocidentais ao Irã em represália ao seu programa nuclear dificulta uma retomada do volume aos níveis recordes registrados até 2011.

Naquele ano, o Brasil exportou 130 mil toneladas ao Irã, segundo a Abiec. Em 2012, só 68 mil toneladas.

A queda sucedeu punições adotadas no primeiro semestre de 2012, que baniram o Irã do sistema financeiro mundial e aumentaram a pressão ocidental contra empresas ligadas ao mercado iraniano.

Também há relatos de que o Irã teria ordenado aos importadores diminuir as compras do Brasil em represália ao esfriamento na relação bilateral sob o governo de Dilma Rousseff. Empresários dos dois países negaram interferência política.

A exportação de carne ao Irã responde por 15% da corrente comercial bilateral (US$ 2,18 bilhões em 2012), dominada com folga pelas exportações brasileiras.

Em outubro do ano passado, o superavit com o Irã respondeu por 22% do superavit total do Brasil.

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