O Brasil enviou uma missão
ao Irã, um dos principais compradores de carne brasileira, para tranquilizar
autoridades e empresários locais acerca da recente descoberta do agente
causador do mal da vaca louca em um animal morto em 2010 no Paraná.
Fontes dos dois países
afirmaram que a visita, encerrada anteontem, dissipou as maiores preocupações
de Teerã, que ameaçava barrar a carne brasileira.
Durante três dias, a
comitiva expôs as regras sanitárias brasileiras às altas autoridades do
Ministério da Jihad Agrícola do Irã. A delegação também insistiu em lembrar a
decisão da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal) de manter a classificação
do Brasil como de risco insignificante para a doença.
"A intenção era
reforçar pessoalmente as garantias internacionais de ratificação", disse à
Folha Antonio Camardelli, presidente da Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne, integrante da comitiva.
A delegação teve também dois
representantes do Ministério da Agricultura: o diretor de Saúde Animal,
Guilherme Marques, e de Negociações Sanitárias e Fitossanitárias, Lino Colsera.
Um importador iraniano que
não quis ter o nome revelado disse que a visita foi crucial para dar seguimento
às compras. "Há muita demanda. Eu importo carne brasileira e revendo tanto
para supermercados e restaurantes quanto para órgãos de governo, Exército e
universidades."
Apesar do compromisso em dar
seguimento às importações do Brasil, o Irã manteve o veto à carne do Paraná.
Especula-se que as compras paranaenses serão retomadas depois da próxima
reunião da OIE, em fevereiro, na qual deve ser reiterada a atual classificação
brasileira.
Entretanto, os dois lados
admitem que o acirramento das sanções financeiras impostas pelas potências
ocidentais ao Irã em represália ao seu programa nuclear dificulta uma retomada
do volume aos níveis recordes registrados até 2011.
Naquele ano, o Brasil exportou
130 mil toneladas ao Irã, segundo a Abiec. Em 2012, só 68 mil toneladas.
A queda sucedeu punições
adotadas no primeiro semestre de 2012, que baniram o Irã do sistema financeiro
mundial e aumentaram a pressão ocidental contra empresas ligadas ao mercado
iraniano.
Também há relatos de que o
Irã teria ordenado aos importadores diminuir as compras do Brasil em represália
ao esfriamento na relação bilateral sob o governo de Dilma Rousseff.
Empresários dos dois países negaram interferência política.
A exportação de carne ao Irã
responde por 15% da corrente comercial bilateral (US$ 2,18 bilhões em 2012),
dominada com folga pelas exportações brasileiras.
Em outubro do ano passado, o
superavit com o Irã respondeu por 22% do superavit total do Brasil.
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