Não é de hoje que a população de Campos vem se mostrando
insatisfeita com o transporte público da cidade. Sejam por ônibus precários ou
baixa demanda de coletivos, moradores, principalmente de localidades e
distritos mais distantes, se sentem prejudicados com o serviço. A indignação é
tamanha que a Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf) publicou mais
uma pesquisa, dessa vez referente a não promoção de uma maior acessibilidade no
transporte do município.
A pesquisa embasou a tese de mestrado pelo Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção da instituição, da estudante Isroberta
Rosa Araújo, que buscou descobrir até que ponto a política de ‘transporte a um
real’, implantada há cerca de quatro anos em Campos, conseguiu promover uma
maior acessibilidade?
Intitulada ‘Mobilidade urbana e políticas públicas no
município de Campos dos Goytacazes: um estudo da política de transportes a um
real’, a pesquisa divulgou que a política da cidade proporcionou aumento da
mobilidade, mas não da acessibilidade, pois não conseguiu promover a
democratização dos espaços do município. A diminuição do preço da passagem
provocou um aumento considerável do número de usuários, mas este não foi
acompanhado pela melhoria da prestação de serviços.
“Os problemas foram potencializados, pois os ônibus
trafegam lotados, em péssimas condições de uso e com frota antiga,
ultrapassando algumas vezes a idade de uso”, diz a estudante.
Segundo Isroberta, a oferta inadequada de transporte
coletivo vem estimulando o uso do transporte individual, aumentando os níveis
de poluição e congestionamentos em Campos. Ela observa que o sistema viário
ideal é aquele que prioriza a dimensão humana, facilitando a circulação de
pedestres, ciclistas e meios de transporte público coletivo, em detrimento do
transporte individual motorizado.
“Ao mesmo tempo, a falta de planejamento e controle do
uso do solo provoca a expansão urbana horizontal, aumentando as distâncias a
serem percorridas e os custos da provisão dos serviços para as áreas
periféricas, onde a oferta se torna deficitária”, afirma.
De acordo com a pesquisadora, a política de transporte a
um real é deficiente, pois não é acompanhada de medidas de planejamento urbano
que ordenem as atividades de uso do solo com as de transporte, de forma articulada.
Esta ausência de planejamento, afirma, compromete a mobilidade e a
acessibilidade urbana, além de criar desconforto para a população.
A Empresa Municipal de Transportes (Emut) informou por
meio de nota que a implantação da passagem social a um real no município de
Campos já deu mostras de que favorece toda população, possibilitando o
deslocamento dos campistas por todas as áreas do município, sem os gastos que,
anteriormente, impossibilitavam que muitos pudessem exercer uma atividade
financeira, em função dos altos gastos com transportes.
O resultado, segundo a empresa, pode ser visto pela boa
aceitação da população, que vai passar a contar nos próximos meses com um
benefício ainda maior.
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